segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Torpedo: Ana Carolina, Mombaça e Gilberto Gil

Ana Carolina lança o CD N9ve
09/08/2009 por Equipe FC DonanaCarolina

Cantora faz pose de mulherão, amplia o leque de parceiros com artistas estrangeiros e avisa: “Quero me superar”
“Sinal dos tempos”, deduziu Ana Carolina, depois de ser informada pela gravadora de que Entreolhares, a primeira música de trabalho de seu novo álbum, atingiu a marca de 10 mil downloads em apenas um dia. Parceria da intérprete mineira com o gaúcho Antonio Villeroy e o norte-americano John Legend Stephens – que a traduziu para o inglês –, a canção é provavelmente um retrato fiel de Ana Carolina.

Afinal de contas, ela sofreu transformações notáveis em uma década: do físico (o mulherão das fotos atuais simplesmente não existia no início de carreira) à produção confessional – que, para alguns, está cada vez mais para a música americana que para a brasileira.

“Podem gostar ou não de mim, mais eu tento. Estou fazendo música do meu jeitinho, com o meu violão e as minhas coisas”,

defende-se a cantora e compositora de Juiz de Fora. Ela avisa: vai continuar tentando se superar a cada trabalho.

“Acho que é por aí”, diz.

Em 9 de setembro, ela inicia pelo carioca Citibank Hall a turnê nacional de lançamento de N9ve.

Nove escrito assim mesmo? Sim. Além de referência ao número (reduzido) de faixas, o novo disco alude à data de nascimento dela: 9 de setembro. Ah, a Sony/BMG anunciou que a tiragem é de 99.999 cópias. Pode? Pode. Sétimo álbum solo de Ana Carolina, além de um representante do legítimo rhythm & blues (John Legend), que casa perfeitamente com o timbre poderoso da mineira, a lista de convidados internacionais inclui a cantora italiana Chiara Civello, radicada nos Estados Unidos, que divide com Ana a autoria de quatro canções (10 minutos, Estórias, Resta – cantada pela dupla – e Traição), e a contrabaixista americana Esperanza Spalding (participação especial em Traição).

De Dois quartos (o álbum duplo anterior, de 24 faixas) para N9ve (que ela, em tom de brincadeira, classifica de “quitinete”), Ana Carolina parece querer reafirmar a possibilidade de carreira internacional, ainda que não troque de língua para soltar o belo vozeirão.

“O número de faixas do disco foi apenas coincidência, nada mais. Quando vi, eram nove músicas prontas para gravar. Tanto que a décima, o blues chamado Mais que a mim, nada tinha a ver com esse repertório e acabou ficando de fora”, destaca. “Pode parecer que fiz um álbum menor porque o último foi grande, mas não tem nada a ver também.”


INTERNET

A presença de convidados gringos foi outra obra do acaso, revela Ana.

Passo muito tempo na internet, onde descobri o John Legend. Peguei a faixa, mandei para ele perguntando se queria gravar. Ele disse que sim e fez a versão para o inglês”, relembra.

Chiara Civello chegou por meio do neto de Tom Jobim Daniel Jobim, que a apresentou à cantora italiana.

Quando criança, ouvia canções italianas”, recorda Ana Carolina. “Chiara me fez conhecer algumas cantoras novas e canções antigas da Itália. Nós fizemos verdadeira troca musical.”

Se Entreolhares for tão bem nos países em que o disco de Ana deve ser lançado, a mineira não descarta a hipótese de se lançar fora do Brasil.

Não tenho carreira internacional”, assume ela, informando que fez shows apenas em Portugal e nos Estados Unidos. “Quem sabe N9ve não traga exposição maior lá fora, fazendo com que a gente arrume um jeito de cantar no exterior? Seria bacana.”

Antes que acusem Ana Carolina de se americanizar de vez, vale lembrar: o velho e bom samba, ainda que às vezes meio estilizado, marca presença em seu novo trabalho.

Gil Um belo exemplo do gênero genuinamente brasileiro é Torpedo, faixa com participação de Mombaça e letra esperta do ex-ministro Gilberto Gil: “Desde que o samba começou/ O bamba sempre usou/ Variações inúmeras para dar/ Conta de tantas emoções…”. Esses versos refletem as misturas e transformações inevitáveis da MPB “desde que o samba é samba”, como cantou Caetano Veloso.

Para Ana Carolina, já se foi o tempo em que se media o sucesso de um artista ou de uma canção por vendagem de discos ou sua execução em rádio.

Quando recebi a notícia de que Entreolhares teve 10 mil downloads em um único dia, vi que a gente mede sucesso dessa forma. O sinal dos tempos está aí”, constata. “Esse tipo de coisa não atrapalha o artista. Atrapalha a gravadora, quem ganha dinheiro com venda de música. Artista ganha dinheiro é com show”, conclui.

Fonte: UAI

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